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Doações aos moradores do Viaduto Alcântara Machado

Na noite desta quinta-feira (12) diversos moradores do Viaduto Alcântara Machado foram surpreendidos com as chamas de um incêndio que se alastrou e destruiu suas casas.

O espaço do Viaduto Alcântara Machado que já funcionou como Centro de Convivência para Adultos em Situação de Rua resistiu a ameaça de fechamento e, a partir de 2015, foi ocupado por trabalhadores e pessoas que utilizavam o serviço, passando funcionar de maneira auto-gestionada.

A Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama em 2015/2016 acompanhou o processo de fechamento do Centro de Convivência Alcântara Machado, também conhecido como Tenda Alcântara Machado.

A luta pelo permanência neste espaço ocorre, principalmente, porque as soluções de moradia apresentadas pela Prefeitura com o encerramento das atividades dos Centros de Convivência foram insatisfatórias e insuficientes. Atualmente seguem resistindo contra uma tentativa de reintegração de posse.

Com o incêndio desta quinta-feira, aproximadamente 64 famílias ficaram desabrigadas e perderam todos os pertences. As notícias acerca do incêndio se concentraram na interdição do viaduto e no trânsito que se formou.

Visando atender as necessidades urgentes dos moradores do viaduto Alcântara Machado dois pontos de coleta de doação foram estabelecidos:

Paróquia São Miguel Arcanjo Rua Taquari, 1100 – Mooca
Faculdade de Direito do Largo São Francisco – iniciativa do Núcleo de Direito à Cidade.

Os principais itens para doação são: Comida, fraldas e itens de enxoval para bebê.
Além de panelas, roupas, brinquedos, material escolar, material de cozinha (copo, prato, talher), fogão industrial, gás, remédios, itens de higiene, itens de limpeza

Segue nota do Okupa acerca do incêndio:
O massacre dos mais pobres não se fortalecerá!

No final do dia de ontem, vários moradores do viaduto Alcântara Machado perceberam que alguns barracos queimavam rapidamente. Horas depois, grande parte da comunidade que vive ali há muitos anos tinha perdido tudo: documentos, móveis, roupas, suas casas tão duramente conquistadas.

Ao longo dos últimos anos, a prefeitura tem reiteradamente tentado de livrar da comunidade que resiste e luta naquele espaço. Nesses anos, o maior argumento da prefeitura foi a possibilidade de incêndio, ainda que, na época em que as tendas foram instaladas, o prefeito Kassab as tenha julgado totalmente livre de riscos. Como em outros espaços da cidade que ameaçam os ideais higienistas da prefeitura, a única possibilidade de tirar as pessoas de lá sem resistência, sem um massacre, era limpar com fogo.

Moradoras e moradores afirmam com convicção que o fogo foi iniciado com algum combustível. Em sua visita, o prefeito Covas se preocupava mais com os carros e liberação das vias do que com as vidas das pessoas. Ofereceu a medida paliativa mais fantasiosa, como se a cidade tivesse condições de receber as dezenas de famílias que viviam no espaço.

A comunidade que mora embaixo do viaduto Alcântara Machado não é criminosa, não é vagabunda, não oferece risco pra cidade, pelo contrário. Nos organizamos porque a cidade extermina pobres. Na comunidade acontecem diversas aulas, encontros de mulheres e mães, fundamos um time de futebol e apoio coletivo, compramos uma Kombi para garantir a sobrevivência em um lugar onde o SAMU evita pisar e já condenou pessoas a morte.

Não aceitamos a narrativa da prefeitura do risco e necessidade de reintegração de posse. Não é um viaduto, é nossa casa.

E nossa luta é por moradia.

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