Há 17 anos, no dia 19 de agosto de 2004, ocorreu uma chacina de pessoas em situação de rua que ficou conhecida como Massacre da Sé. Oito pessoas feridas, sete falecidas, e até hoje nenhum dos policiais e agentes de segurança que empreenderam as agressões foram responsabilizados. Pelo contrário, o poder público segue negando o direito à moradia e à vida digna da população em situação de rua, inviabilizando, inclusive, a possibilidade de luto por essas mortes.
No entanto, em resposta ao Massacre, diversas mobilizações foram organizadas por movimentos e sujeitos com trajetórias de rua e de lutas sociais do centro da cidade, solidários aos companheiros de rua. O episódio também serviu como estopim para que a população em situação de rua fortalecesse sua luta e passasse a se organizar em torno de movimentos que representassem as suas demandas como o Movimento Nacional da População em Situação de Rua e o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. Neste ano, a Pastoral da Rua, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, a Clínica de Direitos Luiz Gama, a Associação Rede Rua, a Organização Do Auxílio Fraterno e demais entidades que compõem o Fórum da Cidade, com o protagonismo do MNPR, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua e o Movimento Nacional de Luta em defesa da Poprua organizaram a Semana de Luta da População em Situação de Rua.
Esses movimentos conquistaram políticas públicas como a Política Nacional para a População em Situação de Rua, em 2009, e seguem reivindicando, mais do que melhorias nas condições e políticas atuais, a inclusão da população em situação de rua nos programas de habitação, direito fundamental sistematicamente negado a essa população. Por isso, como reivindica o mote do Dia Latinoamericano de Luta da Poprua, dizemos: SE DA RUA QUEREM NOS TIRAR, MORADIA E TRABALHO, JÁ!